Cultura – Roma e Spartacus

Duas séries de TV que recomendo vivamente, já lançadas em DVD, retratam o mundoantigo com forte viés sexual e fetichista: Roma e Spartacus.

A primeira teve duas temporadas e foi produzida com um requinte poucas vezes visto. Cenários, figurinos, luz, interpretações soberbas e, sobretudo, muito bem fundamentada em termos históricos. Na primeira temporada temos a ascensão de Júlio César ao poder e na segunda o período em que o jovemOtávio assume o lugar do tio Júlio. Manobras políticas,traições, perseguições e assassinatos. Tudo era válido no jogo do poder e, entre uma trama e outra, cenas provocantes de sexo e uma reprodução dos hábitos sexuais bastante liberais daquela sociedade: incesto e homossexualismo eram tratados com naturalidade. Spartacus conta a história do guerreiro trácio que é condenado à mortepelo Império Romano e consegue se livrar da pena matando seus algozes na arena. O homem é feito escravo e vendido como gladiador e a partir daí começa a saga do campeão das arenas que deseja a liberdade. A história é conhecida, a trama comum, mas o sexo é mais escancarado do que em Roma.

Homens e mulheres aproveitam a condição de senhores e abusam de seus escravos quando lhes dá na real gana. Mulheres fascinadas pelos corpos dos gladiadores procuram os campeões buscando prazer e fazem de tudo por ele para amenizar o tédio e o tesão que as consome. Há uma cena em particular que muito me agrada. O lanista (dono e treinador dos gladiadores) chega em casa estressado e a mulher dele (Lucy Lawless, protagonista da série Xena, a Princesa Guerreira), banhando-se, sugere ao marido: “coma a bunda dela”. Ela é uma escrava, que vira de costas para o Senhor; ele levanta a túnica da moça, cospe na mão e faz o serviço enquanto conversa com a mulher, que sem qualquer problema, dá continuidade ao bate papo. Detalhe: o Senhor segura a escrava pela grossa coleira no belo pescoço da deliciosa serva.

Os senhores não devem entusiasmar as moças, mas os gladiadores são musculosos. Já a mulheres são deliciosas, principalmente as que se descascam em cena. Spartacus teve um problema: o ator principal morreu (não me perguntem de que, pois não leio a Contigo) e foi substituído, mas até isso acontecer os produtores tiveram que queimar os neurônios para contornar a situação.

As duas séries mostram as relações entre Senhores e escravos, e termos, práticas e posturas utilizados ainda hoje por todos nós ligados ao mundo BDSM, e são facilmente encontradas. Eu comprei os meus exemplares nas Americanas. Saindo do mundo antigo para o samba de breque. Quem não conhece o samba “Na subida do morro”, eternizado na voz de Moreira da Silva?

“Na subida do morro me contaram, Que você bateu na minha nega
E isso não é direito bater numa mulher, que não é sua (breque) Deixou a nega quase nua, no meio da rua…”

Vejam como era a vida… As feministas devem ter horror total a esta música, mas além de registrar um pouco da cultura da época e encaixa-se perfeitamente no nosso meio de vida – este samba foi lançado em 1952, segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira. O dono da nega em questão não gostou da quebra de uma regra de ouro: não se mexe com mulher dos outros.

O eu lírico, chamemos assim o autor do discurso na música, afirma que já foi “um malandro malvado”, que deu “trabalho à polícia” e até bateu “no dono do morro”! Mas nunca abusou “de uma mulher que fosse de um amigo”. Respeito e ética BDSMer na veia! Portanto, meus caros, fica a dica: se bater na minha nega… “Vou dar-lhe um castigo/ Meto-lhe o aço no abdômen / e tiro fora o seu umbigo.”

RCavaleiro

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