O Maior ícone do Bondage, que você nunca conheceu

Os melhores personagens são aqueles que sempre têm uma última surpresa guardada para ser descoberta. Um último segredo escondido nas entre-linhas de suas histórias. Em alguns casos é necessário voltar à origem desses personagens para resgatar seu passado, e nenhum outro personagem teve seu passado tão suprimido quanto a mais famosa heroína de todos os tempos, a Mulher-Maravilha. Filha de Hipólita, uma semi-deusa viva, forte, inteligente, bem treinada e bela, praticamente invulnerável, com a exceção da lei de Afrodite. Esta lei estipula que caso os “braceletes” de uma amazona
sejam unidos pela mão de um homem, ela perde toda a sua força e se torna uma mulher normal. Isso vem desde Hipólita, mãe das amazonas, que foi subjugada e acorrentada por ninguém menos que Hércules e desde então as amazonas usam “braceletes de submissão”. Não é um fato conhecido, muito menos divulgado, mas o criador da Mulher-Maravilha, William Moulton Marston, era um feminista apaixonado por bondage.

Ele acreditava no conceito de “autoridade carinhosa”, onde uma pessoa se submeteria à uma autoridade bondosa. Marston acreditava piamente que a submissão do violento e caótico mundo masculino perante o sereno porém rígido mundo feminino seria o caminho infalível para uma duradoura paz mundial. Este conceito é abordado amplamente na sua obra mais conhecida. As Histórias da Mulher Maravilha, continham conteúdo carregado de erotismo subentendido e em alguns casos verbalmente explícito. A Ilha Paraíso é dominada pelo simbolismo do bondage e escravidão com conotações tanto erótica como social. Não apenas as vestimentas e rituais mas até alguns locais refletem isso, como a Ilha da Transformação, um local onde as amazonas eram submetidas à autoridade carinhosa para reabilitá-las, uma versão funcional das nossas prisões.

“A única esperança para a paz é ensinar as pessoas cheias de energia e força ilimitada a gostarem de serem restringidas…

Apenas quando o controle de si mesmo por outros for mais agradável que a afirmação ilimitada de si nas relações humanas
podemos esperar por uma sociedade estável e pacífica… Dar-se à outros, ser controlado por eles, submeter-se a outras pessoas não pode ser prazeroso sem a existência de um forte elemento erótico.” – William Moulton Marston

A inspiração de Marston vem de sua fantástica vida pessoal. Casado com Elizabeth, mais tarde tomou Olive como sua parceira, convivendo os três na mesma casa. A natureza do relacionamento de Marston e suas esposas foi ocultada dado o despreparo da sociedade América na década de 20. Elizabeth foi quem sugeriu que o personagem fosse uma mulher, mas ambas serviram como inspiração para a formação psicológica e física da Mulher Maravilha. Marston, Phd em psicologia, descobriu (com ajuda de sua esposa Elizabeth) que a pressão sanguínea aumenta durante períodos de stress. Partindo deste conceito ele foi capaz de desenvolver o primeiro polígrafo, não sendo certo que o conceito do mesmo tenha inspirado o “laço da verdade”.

A Mulher-Maravilha era um personagem controverso, seus quadrinhos eram um misto de crítica social e fetichismo, o que fez que as vendas disparassem tornando-a um ícone. Marston não viveu muito para ver o sucesso de seu personagem, vindo a falecer de câncer cinco anos após sua criação. Com o falecimento de Marston a DC Comics esterilizou e padronizou o personagem para às massas. Todas as referências fetichistas foram rapidamente eliminadas e o tom feminista foi em parte suprimido. A guerreira que partiu para o mundo dos homens com intuito de curá-lo de seus males se apaixonou pelo único homem que apareceu em sua ilha. Os sonhos de igualdade deram lugar aos sonhos de casamento. Embora a sua militância tenha sido apaziguada, Diana deixou sua marca no mundo como um símbolo não só feminista, mas para todas as sexualidades alternativas. Ela lutou durante 70 anos contra os mais variados tipos de preconceito e se consagrou a mais poderosa personagem feminina dos quadrinhos. Hoje, os que conhecem sua história, reconhecem a força e uso real de seus braceletes e sabem que a Mulher Maravilha se tornou um discreto símbolo do fetichismo.

Ankar

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